A Astronomia é a única ciência que não tem ao seu dispor o seu objeto de estudo. Nunca fomos a uma estrela, nunca criamos uma em laboratório. Tudo o que sabemos, sabemos através de observações feitas à distância. Por isso mesmo, uma das perguntas que mais escuto é: “Como os astrônomos sabem do que é feito um objeto celeste?”

Usamos um método chamado de Espectroscopia. Cada elemento químico emite um espectro diferente. E para não nos perdermos em explicações quânticas sobre o que é um espectro, poderia rescrever a frase anterior como “cada elemento químico brilha de forma diferente”. O estudo destes diferentes brilhos é o que chamamos de Espectroscopia. É através da Espectroscopia que conseguimos saber, a partir apenas de observações, de qual material (elementos químicos) é feito a fonte emissora do brilho em questão.

Leio na mídia eletrônica que foi descoberto um planeta de diamante. Fantástico!

Arte

Através da espectroscopia, os pesquisadores envolvidos na descoberta concluíram que o planeta tem alto teor de carbono (pode-se dizer que o carbono é o elemento predominante naquele corpo celeste).

Além disso, através de estudos dinâmicos do movimento do planeta ao redor de sua estrela central (uma estrela de nêutrons!) e de medições gravimétricas do conjunto, foi possível estimar não só a massa do planeta, mas também seu diâmetro. Com massa e diâmetro estimados, calculou-se uma densidade. E a densidade encontrada é altíssima. Ou seja, o carbono deste planeta está sob fortíssima pressão. E o carbono, quando sob forte pressão, assume uma forma cristalina que nós coloquialmente chamamos de diamante.

Na voz de Marylin Monroe, já sabíamos que os diamantes são os melhores amigos de uma mulher. Quem sabe agora não podemos dizer que são grandes amigos dos astrônomos também?

Via O Fantástico Planeta de Diamantes.

*Alexandre Cherman é Astrônomo da Fundação Planetário da cidade do Rio de Janeiro e foi presidente da Associação Brasileira de Planetários.